Jovem chegada

Ser pai jovem, ser pai agora, parece uma coisa muito diferente de ser pai ontem. Não quero insinuar que seja melhor, nem que a emoção foi menos intensa para nossos pais e pais deles. É que é muito AGORA para ser comparado com anteriormente, e existe no ar um sentimento de convergência cósmica envolvendo a vinda do nosso bebê, uma conspiração do bem, da beleza, que é feita para nós, hoje, e não para mais ninguém em qualquer tempo.

É como se a sensação de ser pai tivesse sido completamente renovada, reinventada, até, e um sentido diverso tenha sido criado SÓ para que Thaís e eu pudéssemos nos permitir essa bênção, pudéssemos inventar em nós mesmos a ideia e a maravilha de sermos papais.

Creio que deveria ser assim para todo mundo, mas alguns insistem em nos enumerar as mazelas da mater/paternidade, coisas que vamos conhecer sozinhos, com igual surpresa, mas que, embebidos daquele sentimento primeiro descrito nesse texto, vamos encarar mais como o que É ser pai, e não como meros desgostos ou noites mal dormidas.

O milagre da vida é só nosso, nesse momento, não importa o que falem. E por mais que se racionalize a situação, que se queria traduzir em ciência um fenômeno tão bonito e comum, ele é tão raro para nós que chega a ser transcendental. E é. A vida ultrapassa qualquer explicação.

O conhecimento acumulado ao longo de milênios, é claro, tem grande utilidade, e queremos a segurança técnica, médica, sim, no momento em que o Pedro chegar. Porém, QUANDO ele chegar, isso tudo é zerado, e partiremos no escuro, desbravando com amor um caminho completamente desconhecido.

Avós, sogras, tias, primas, amigas... Agradecemos todo o carinho e atenção, mas ninguém, por mais que tente, conseguirá nos ensinar as etapas dessa jornada, e a delícia disso tudo está justamente aí: o que vamos aprender é imediato, é urgente, é incrível. E ver nosso filho aprender a partir do nosso próprio aprendizado -, longe de toda a razão empedrada, da crença cega, da lógica violenta - é o que podemos chamar de divino, de Deus.