segunda-feira, 30 de abril de 2012

Hum, isso aqui é... Err...
Um falta, um já está pronto. Um nos deixa apreensivos, o outro, tranquilos. Um é interminável e o segundo é até grande, viu? - e do tamanho dos nossos sonhos. Falta um mês para a chegada do nosso primeiro filho, Pedro, meu e de Thaís. A próxima boa notícia é que o ninho dele já o espera, ajeitadinho! Temos berço, armário, cômoda, banheira, protetores, kits, roupas, fraldas, sabonetes, sugadores de nariz e coisas que ainda nem sabemos para que servem, mas que serão úteis!

Thaís e eu nos mudamos de casa muito recentemente e percebemos que o Pedro já tem mais itens que a gente. Caixas e mais caixas só para um rapazinho que, soubemos há pouco, tem 2,5 kg e 44 cm - um gigante! É uma preparação muito minuciosa, exagerada, abundante... prazerosa e necessária! Porque é, de fato, a única preparação possível. Quem aí acha que está preparado para ter um filho, levante a mão!

Suas mães, sogras, tios, avós... podem até dar mil dicas sobre detalhes simples e esquisitos, você já frequentou aquele cursinho pré-bebê curioso na maternidade, com efermeiras prestativas, experientes... Mas vocês, novos pais, novas mães, não estão preparados. Thaís e eu não estamos preparados. O nosso ninho está, por fora, mais do que pronto, mas em nosso íntimo, não há precaução que baste. E isso é ótimo!

Acho, e não só acho como aprendi um pouco sobre isso em quase 30 anos de andanças e situações, que o melhor de nós surge no susto, na surpresa, no inesperado, no acidente, na espontaneidade. Claro, o que fazemos planejadamente, com antecedência, etc... sai bem bonitinho. Mas será que é tudo verdadeiro? Nosso trabalho, as interações sociais... tudo estudado para ser correto, bom, belo.

Mas o que é do coração segue exatamente a lógica do que somos: nada lógicos! Nossos corpos são um emaranhado de tecidos e líquidos que nada têm de exatos, quadrados, as árvores, os animais... a vida é algo incerto, maluco, mas que se equilibra, funciona, de algum jeito, sem nossa interferência, nossos cálculos, exames e suposições.

O nosso amor, meu e de Thaís, a nossa paixão, tudo o que nos mantém juntos, o que nos dá força para fazer a nossa segunda e exaustiva mudança, montar e desmontar caixas, resolver problemas com pintor, eletricista, torrar as economias na reforma, ficar com os ouvidos doendo do latido dos nossos beagles, que se assustam com a casa nova... esse amor imenso, que gerou o Pedro, é feito dessa mesma matéria estranha e maravilhosa que tece o mundo. E nada seria fantástico como é se fosse previsível.

Posso até escutar uns risinhos contidos ou até internos de alguém que está lendo esse texto, e o pensamento: "Não tá preparado, é? Você nem imagina o que te espera". Não mesmo! Mas estou preparado para descobrir. Pedro, pode vir, que a gente não tá nada pronto e muito, muito, mas muito feliz para te receber, e com todo o amor do mundo! Só mais um mês e você vai estar no seu cantinho, junto com a gente, prontinho.

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P.S.: Esse texto foi escrito originalmente para o 806, blog da agência de comunicação onde o papai trabalha. Mas eu não podia deixar de postá-lo aqui, já que o nosso diário de aventuras oficial é o "Então, Pedro..."!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Doces de estranhos?

Meu filho, na sua vida vai sempre ter coisas de que você precisa e coisas que você quer. O que precisa, sua mãe e eu vamos dar, fique tranquilo, até o dia em que você puder arranjá-las sozinho (mas quando precisar e não puder, ainda estaremos aqui, tá?). As que você quer também, mas não vai ser sempre, sabe? Porque são coisas que podem ficar um pouquinho para depois; às vezes, até a vontade de ter aquilo passa! Então, lembre-se: se precisa, a gente consegue; se quer, não tem que ser agora, é só dar um tempinho para pensar melhor.

O problema, Pedro, é que você vai encontrar pessoas que vão lhe dizer que o que você quer é do que você precisa; e o que precisa, pode querer diferente, mais bonito, mais caro... Complicado, né? E vai ser sempre assim... Essas pessoas são os “estranhos” que te “oferecem doces” na rua, na televisão, na internet e em todo lugar. Enquanto você cresce dentro da barriga da sua mamãe, eles até nos mostram um monte de “doces” que querem que a gente compre para cuidar melhor de você, quando nascer.

Mas os doces não são só doces, Pedro. Junto com isso eles falam que você vai ser mais legal que seus amiguinhos, que vai ser mais feliz, sorrir e brincar mais. Não é verdade. São só coisas, tralha, que você pode usar e jogar fora, que você pode dar para outra pessoa, e ela vai usar, jogar fora, ou dar para outra... Coisas. Tem umas que você vai gostar mais, outras menos, mas vai ser sempre VOCÊ quem usa ou joga fora. Você, sua família, tudo vai continuar, e a tal coisa estraga, se perde, some, sei lá... Essa coisa passa e a sua vida continua depois dela - não é uma coisa tão importante, certo?

Então, Pedro, é o seguinte: esses estranhos só querem ficar mais ricos. Isso mesmo! Eles têm uma conversa muito boa, falam coisas que você gosta e te elogiam pra caramba, até que você compre aquilo que eles querem. Depois, eles vão querer que você jogue fora aquela coisa e compre outra, mais brilhante, colorida, mas é a mesma coisa que você jogou fora! É só para que eles tenham mais dessa coisinha chamada dinheiro, que você dá em troca das coisas. Me diga, não estava tudo bem antes de você ter essas coisas? Em casa, no parque, na casa dos seus avós, na escola, você brinca, dá risada, corre para lá e para cá com seus amiguinhos... Cadê aquela coisa? Você nem se lembra dela, pois estava se divertindo, pulando, vivendo!

Seu pai não quer dizer que NADA daquilo que você quer, presta. Presta, sim, uma coisa ou outra, e pode deixar que não vão faltar brinquedos e coisinhas gostosas para você, viu? Eu só quero que você saiba que o que realmente importa é cuidar bem de você mesmo, de quem você ama e do mundo em que você vive; das coisas você cuida, claro, para que durem mais, mas pense nisso só de vez em quando. Vão te falar até que comprar mais coisas ajuda o mundo, mas é outra grande mentira dos estranhos, para eles enriquecerem com aquilo que você conquistou (será que você já vende limonada no portão de casa?). Tem gente até que fica nervosa por causa dessas coisas, mas sabe o que é legal? Você vai poder rir de tudo isso, porque vai estar numa boa, sabendo que já tem tudo o que precisa: amor!